José Salís, Alta mar, 1920 |
O lugar
onde um deus irado tem o reino despótico e a morada luxuosa, esse mesmo sítio
onde barcos e homens desaparecem para sempre, é um reflexo do pélago perturbado
que existe no mais fundo dos seres humanos. Olhamos o oceano, esmagados pela
sua desmedida, temerosos das suas armadilhas, inquietos pelo sopro do vento que
ondula as águas, e sentimos um frémito na fímbria do que somos. Se em nós se fizer
silêncio, depressa descobrimos todos os perigos que há no recôndito da nossa
alma.
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