quinta-feira, 13 de agosto de 2020

A Sarça Ardente - 30

Tal-Coat, Glauque, 1972
As dunas escondem o ir e vir do oceano.
Paredes de areia cobertas de cactos,
erva rala a tremer ao vento.

Alguém caminha por elas, solitário,
procura uma pedra, um pássaro,
a senda que leva ao poente.

As gaivotas voam como se cantassem.
Desenham círculos e espirais,
numa partitura de sombras e seixos.

Ao longe, ecoa o choro das sirenes.
Os pescadores são fantasmas,
balançando na música do nevoeiro.

A tarde rasga o lençol que vela a noite.
Do porto, saem os barcos.
Procuram cardumes de rosas no jardim do mar.

Julho de 2020

Sem comentários:

Enviar um comentário