quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O homem crepuscular

Rafael Romero Barros - Crepúsculo (1890)

Por vezes diz-se "somos homens crepusculares". Talvez se queira dizer com isso que somos homens tardios, que pertencemos a um tempo em que uma antiga luz envelheceu e tudo se prepara para entrar na noite, essa negra noite que culminará a tenebrosa idade de ferro que nos foi dada a viver. Mas esta mitologia esconderá antes uma outra coisa. No crepúsculo pensa-se esse momento em que o dia hesita entre a luz e as trevas. Ora essa é a situação de cada um, aquilo que no post de ontem se denominava como o impreciso e o sombrio. O importante, porém, é o destino que se escolhe, aquilo pelo qual o ser anseia. Escolher a luz significa caminhar de claridade em claridade, sem que, nesta vida, seja possível sair do impreciso que a sombra sempre nos impõe.

4 comentários:

  1. E as intermitências? Abrigarmo-nos na sombra, depois sair a ver a luz, depois, quando a luz quase cega, voltar à penumbra, depois, quando der a vontade de luz, sair de novo. Não é isto o melhor?


    (PS: O pior de escrever estes comentários é a prova de resistência a que somos submetidos, com as letras às curvas e os números sumidos. Isto de ter que provar que não sou um robot é uma coisa...)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mas não será essa luz apenas uma claridade tocada de sombra?

      Já retirei essa provação de provar que não se é um robot, espero. Não sei como ela apareceu.

      Eliminar
  2. Escolho a luz, decididamente, sem hesitar. As sombras encarregam-se de nos perseguir, ainda que não queiramos. Assim, vivo o crepúsculo - independentemente da mitologia -, como sendo o momento do mistério, o momento da transição, o momento do momento.
    "O importante é o destino que se escolhe, aquilo pelo qual o ser anseia". Terá o ser liberdade de escolher o destino? Aquilo por que anseia é-lhe dado de acordo com as suas opções?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pelo menos, creio que temos livre-arbítrio e é com ele que teremos de forjar um destino. Depois há aquele sopro que a tradição cristão denominou Graça. Perante a férrea necessidade, temos a liberdade e a esperança da Graça.

      Eliminar