sábado, 12 de janeiro de 2013

Sonetos do Viandante (12)

Rubens - El Consejo de los Dioses (1621-25)

12. Este mar de silêncio abre a noite

Este mar de silêncio abre a noite
ao terror do sagrado. Exausto, calo-me
e espero o orvalho da manhã.
Escutamos os sinos, fria parábola

da vida que há-de vir. Um mundo pálido,
invernia sediciosa, a promessa
de um grande amor que nunca nascerá.
Quantos anos a vida cantarei?

Calemo-nos! Os gestos, os olhares,
o gélido silêncio são sinais,
bastam para contar a nossa história.

Um ramo de magnólias, um sorriso,
era tudo o que havia para te dar.
Os deuses chegam sempre muito tarde.

6 comentários:

  1. Fascina-me esta "teimosia", esta presença incessante do mar.
    Metáforas, apenas metáforas? Não!
    Magnólias, sorrisos...
    Não nos caberá apressar os deuses?

    ResponderEliminar
  2. Talvez os deuses tenham um tempo que não o nosso e ignorem a nossa urgência. Só isso.

    ResponderEliminar
  3. Se os Deuses têm um tempo que não o nosso e ignoram a nossa urgência...

    ResponderEliminar
  4. Logo, temos nós, meros mortais, um sentimento de abandono, de pura derrelicção.

    ResponderEliminar