Salvador Tuset - Abandono (1946)
A temática do abandono é das mais dialécticas, pois contém nela uma contradição insanável. A dor de ser abandonado e o sentimento de desamparo crescem na medida em que alguém não se abandonou. Quanto mais centrado em si, quanto mais importância se concede a si mesmo, mais o abandono e o desamparo se tornam dolorosos. Mas como poderá ser tocado pelo abandono e pelo desamparo quem já se abandonou e nada espera?
Um gosto ter chegado ao seu blogue.
ResponderEliminarEste post sobre o abandono gostei muito
e penso conhecer "bem" o que é o abandono.
Já me registei.
Voltarei sempre que possa.
Saudações
Irene Alves
Seja bem vinda. Muito obrigado.
EliminarHV
Será que inconscientemente não espera? O ser humano não está preparado para o abandono.
ResponderEliminarSe bem que o abandono seja uma cruel realidade, não é por isso que deixa de ser contra natura.
Sim, nunca estamos preparados para o abandono. Nunca estamos preparados para nos abandonar. Por isso, o aprender a abandonar-se a si mesmo é doloroso, exige uma longa ascese e não há resultados garantidos.
EliminarNão creio que o abandono seja contra natura. O abandono está inscrito na natureza como na sociedade. Quando alguém morre, haverá quem fique abandonado. E a morte de quem nos é próximo é o mais radical dos abandonos possíveis.
Quem já se abandonou consegue viver?
ResponderEliminarTalvez nunca tenha existido ser humano que se tenha abandonado até ao fim, mas talvez a verdade seja outra. Só quem se abandona conseguirá viver plenamente.
EliminarO que é viver plenamente?
ResponderEliminar(Homo Viator, não quero que pense que estou a ser impertinente com estas perguntas, a verdade é que estas temáticas me atraem).
Viver plenamente significa coincidir consigo mesmo, pôr de lado a representação. Por representação entende-se a imagem que se faz de si mesmo. Abandonar a representação, abandonar a imagem (todo o culto de imagens é uma idolatria, claro).
Eliminar