Giacomo Balla - Velocidad de automóvil (1912)
Sabemos que esta mitologia (a do progresso) se desmorona. Mas qual será hoje para os indivíduos a tradução subjectiva dessa significação, dessa realidade que é a «expansão» aparentemente «ilimitada» do «poder de controlo»? (Cornelius Castoriadis. A Ascensão da Insignificância)
A pergunta de Castoriadis é colocada em 1996. Hoje em dia não perdeu actualidade, antes pelo contrário. A mitologia do progresso era uma forma de idolatria. O homem, perdido de si e em busca de consolo, fabrica a cada momento ídolos. O fim da idolatria do progresso abre certamente para a insignificância, para a irrelevância, para uma perda de si ainda mais radical. Mas como qualquer destruição de um culto idolátrico, a destruição deste é também uma oportunidade para o homem se confrontar consigo mesmo e aprender a escutar o rumor que o habita e que não é outra coisa se não a voz que o convocou para a existência.
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