Alfredo García Revuelta - Ciudad (1985)
371. ENTARDECER É DESCOBRIR OS CAMINHOS DA FLORESTA
Entardecer é
descobrir os caminhos da floresta,
a metáfora
trazida pelo pensador para iluminar
a filosofia,
essa outra metáfora da vida,
metamorfose
do sangue em puro pensamento,
a esperança
irrenunciável ao direito de viver,
o consolo de
ir e vir, a que chamaram liberdade.
A lado algum
conduzem os caminhos na floresta,
mas os
homens sabem neles encontrar a rota,
e navegam
sob o império das estrelas
ou o rumor
do vento na ramagem das árvores.
Ir a lado
nenhum é o teu destino de viajante,
preso no luminoso
olival que te liga à viagem.
Ainda não
chegou a hora do frio invernoso,
mas os
velhos lagares de azeite trabalham,
exercício
clandestino trazido do mediterrâneo,
a seiva da
terra que ilumina os caminhos.
Os olivais
vindos do sul e os bosques do norte
são chão para os teus passos de citadino.
Uma canção
desponta num quarteirão longínquo.
A cidade
acorda para a tempestade do dia,
para a
ventura do puro caminhar para sítio algum.
A voz rouca e
amarga traz um uivo selvagem
e entre o
betão afivelado das grandes construções
descubro o
eco do teu nome esmagado na floresta.
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