segunda-feira, 21 de abril de 2008

O sexo

Sob o fascínio do sexo agitamo-nos como se ele pudesse trazer mais do que uma mera distracção e a fugaz compensação de alguns momentos de esquecimento de si. Entregue ao outro, nos braços da pessoa amada, aquele que vagueia neste mundo recebe um pequeno lenitivo para a dor de não saber o caminho. Mas o fragor com que corpos e espíritos se entregam, o desejo imaculado de fusão, a indistinção entre o eu e o mundo que a absorção no corpo amado permite, tudo isso quebra-se mal os corpos se apartam, mesmo que seja para retornarem ao ardor primeiro. Há na sexualidade humana uma promessa maior que as possibilidades do homem. É como se, por instantes, os amantes pudessem descortinar um outro mundo, mas mal os seus pés se põem a caminho já esse mundo desapareceu. Resta uma nostalgia agitada, um retorno infinito, uma condenação de Sísifo.

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