Poderei desfazer-me de mim, esquecer-me e ir estrada fora ao encontro do que vier? E o que pode vir desse lugar a que deram o nome, ouvi dizer, de nenhures? De lá é o nada que vem com as suas vestes brilhantes e acena-me com uma mão tão frágil que o meu coração quase se deixa tocar. O corpo, porém, impele-me na caminhada e ao ir vejo sempre e sempre coisas novas e com elas encho o ânimo e julgo então estar fora de perigo. Ao longe, fica nenhures, mas já nada em mim o lembra e aquela mão, que quase me tocava, nem recordação já chega a ser. Talvez não seja mais do que a folha que pelo Outono, empurrada pelo vento, se desprende e cai.
Sem comentários:
Enviar um comentário