domingo, 20 de abril de 2008

A máscara colada ao rosto

Se me procuro é ainda a mim que me procuro? Não serei eu o verdadeiro obstáculo que se abre no meu caminho. Se quero ser como os outros não é para que brilhe ainda mais alto do que todos esses outros? Há muito que descobri a imensa falácia que é o meu eu, a sua impotência mundana e os desejos, talvez débeis, de me engrandecer. Caminho dividido entre tudo aquilo que, para o espectáculo do mundo, desejei ser e nunca fui, mas também dividido entre esse eu que aspira à glória dos olhares dos outros e uma secreta palavra que sopra dentro de mim, vinda sei lá de onde, e que me diz da vacuidade dos meus desejos. Sem força para sustentar uma máscara que me contente, sem força para tudo abandonar e seguir a palavra que me chama e me fala do nada onde caminho, do nada de tudo o que desejei, do nada que sou nessa busca de uma máscara que me engrandeça perante os outros e, mais do que tudo isso, me eleve aos meus próprios olhos. Mas como arrancar a medíocre máscara que o tempo, tanto tempo já, colou sobre a pele do rosto? Cada vez que tento puxá-la, uma dor absurda toma conta de mim e os instintos saltam a gritar pela noite fora.

1 comentário:

  1. Eu também senti uma dor absurda ao tirar minha máscara, mas depois que a retirei tudo está bem, sinto-me feliz como nunca.. Não há nada melhor do que viver livre daqula máscara suja e pesada...

    Parabéns pelo blog, gostei muito, vou dar uma passandinha por aqui sempre..

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