terça-feira, 22 de abril de 2008

A alienação da vida ordinária

A dificuldade maior reside em viver a vida ordinária sem que esta não seja a mais pura das alienações. Os fenómenos da vida corrente, as preocupações do trabalho, as exigências da vida partilhada com outra pessoa, a atenção ao destino dos filhos, as pequenas e grandes paixões que a vida foi semeando no caminho constituem-se como formas de desatenção e de perda. O fundamental não será construir uma máscara sólida e um centro racional de ataque às solicitações da existência, o fundamental será encontrar o caminho que permita estar atento ao essencial, mesmo quando se está comprometido na vida quotidiana. Mas o espírito é tão frágil que a cada momento sucumbe nas solicitações da vida, e de cada pequena coisa faz um obstáculo intransponível para o caminho para si mesmo. A sabedoria residiria em ser capaz de fazer da vida quotidiana a alavanca para a contemplação contínua do que é essencial. Mas quem será assim tão sábio?

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