terça-feira, 29 de abril de 2008

O alimento da fé

De que se alimenta a fé? De uma exaltação do ânimo? Da convicção da razão? Do sentimento inabalável? Não, a fé que se alimente de tudo isso não é fé, apenas uma crença que, apesar de poder ser exaltada, não deixa de ser superficial. É esta fé que persegue o próximo e que, tendo o poder da espada na mão, não hesitará a fazer correr o sangue. O motor da fé não pode ser outra coisa senão a dúvida, a incerteza, a fragilidade da convicção. Só elas podem impelir o coração mais para diante, para uma experiência mais funda da palavra que nos fez ser. A fé alimenta-se assim da escuta. Ora aquele que se põe à escuta nem sempre ouvirá. Umas vezes porque está distraído, outras porque aquele que fala suspende a voz para deixar em suspenso o que escuta, desenhar-lhe um espaço maior para duvidar e, assim, com mais determinação fazer crescer a fé.

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