Deborah Turbeville - For Rochas, France, circa 1985
Sempre me irritou a conjura dos espelhos. Até hoje. Na infância, pensei que eram fruto da magia de algum poderoso feiticeiro, o que mais poderiam ser? Esse estranho hábito de duplicar quem passava na frente deles tornava-os um objecto que não pertencia, não podia pertencer, a este mundo. Mais tarde, talvez levada pela educação científica que todos somos obrigados a suportar, esse encanto foi substituído pela irritação. Odiava ver-me duplicada. Hoje, porém, tudo se alterou. Quebrei o espelho. Atónita, vi-me sair de dentro dele e dirigir-me para mim mesma. Ainda não sei o que hei-de de me dizer.