Jean Delville - L'amour des âmes (1900)
Na história da humanidade sempre o amor foi sentido como um excesso, não um excesso da natureza, mas um excesso que ultrapassa a natureza, como se esta, em si mesma, fosse incapaz de dotar os corpos de tão sublime sentimento. Um corpo é desejável. No entanto, o desejo é incapaz de explicar o amor, de explicar precisamente o amor que sinto por quem está num dado corpo. É nesta impotência da explicação empírica que o homem compreende que uma outra coisa é necessária para que o amor possa nascer. Esse lugar amoroso é a própria alma e todo o amor tem na alma a sua fonte. Duas almas amam-se e, de súbito, o desejo dos corpos é mais do que um desejo, é uma luz que cai sobre eles e, ao nimbá-los, torna-os sublimes.