Malcolm Morley - Leopard Panthera (1997)
410. Brilham na noite os olhos do leopardo
Brilham na noite os olhos do leopardo,
diamantes que perfuram as entranhas,
e abrem na vida o mistério da morte.
Soberbo animal decaído na terra,
rasto de fogo sob o gélido pavor,
vertigem que sacode a poeira
e rasga a luz em tecidos de sombra.
A pura espera de sangue na boca,
um hálito de facas afiadas
apontado ao coração da vítima,
dança arcaica no terreiro obscuro,
onde o deus armou o altar.
Esses teus olhos resvalam na alma
e o corpo transido entrega-se
ao galope do anjo negro.
E sob o luminoso olhar canta-se
o requiem que a morte concede
ao vestígio de dor que anima a vida.
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