Vincent Van Gogh - Olive Trees (1889)
412. Oliveiras, livros abertos na planície
Oliveiras, livros abertos na planície,
memória vinda de um tempo esquecido,
rasto silente de quem passou
e deixou um sinal sobre a terra,
o gesto com que se abre a mão
e espera que alguém receba a dádiva.
Toco-te nas folhas e o corpo canta,
sente o cheiro de terra forte e rasgada,
o trabalho das gerações preso no fruto,
a esperança da estirpe que cria raízes
e inscreve na terra uma seara
de troncos rudes e cobertos de musgo.
Velhas árvores salvas da cilada,
o tempo ardiloso ronda-vos cheio de luz,prestes a tomar-vos os campos
e fazer de vós ramos onde arde o futuro,
promessa de uma terra vazia,
a canção do outono silenciada no lagar.
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