sexta-feira, 14 de junho de 2013

Poemas do Viandante (421)

Ramón Casas Carbó - Desnudo (1903)

421. O teu corpo cresce para as minhas mãos

O teu corpo cresce para as minhas mãos,
toca-as com o vidro ardente do amor,
e espera o mistério insondável dos seios
a cantar na luz irisada da tarde.

O puro silêncio da boca queima
e os meus lábios esperam o alvoroço dos teus,
a púrpura azul da noite,
o cantar dos dedos sobre a pele.

Uma súbita sombra irrompe,
traça um vestígio de sol no rumor do ombro
e os braços abrem-se luminosos
para me encarcerar na luz do ardor.

Fecho os olhos no teu corpo
e canto o odor que se desprende de ti.
Violetas, rosas, um tumulto de cores
abrem-te para o desejo que canta em mim.

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