Giorgio de Chirico - A angústia da partida (1913-4)
O quadro de Giorgio Chirico representa uma reflexão pictórica sobre uma das experiências fundamentais da humanidade. O título junta as ideias de angústia e de partida. O que torna uma partida angustiante? O desconhecido, a incerteza, a coacção que torna necessária essa partida. Na tradição ocidental, qual é a partida simbólica que condensa todas as partidas angustiantes? A primeira partida é a de Adão e Eva, aquando da sua expulsão do paraíso. Nesse momento simbólico trazido pelo mito inscrito no Génesis, encontramos todos os elementos necessários para perceber a angústia da partida: a coacção que foi imposta ao par prevaricador, o desconhecido para onde se dirigem, a incerteza sobre a sua sorte na viagem imposta. O sair do paraíso, ou da pátria, ou do lar é sempre um momento angustiante onde o espírito vacila. É também o momento em que o homem, abandonando o estádio ingénuo da existência, toma consciência de si e do seu existir, é a hora em que le se torna viandante. E aqui percebe-se um segundo motivo de angústia para aquele que parte. Será que se perderá no caminho e se entregará à pura errância ou terá o talento para a alegria do regresso?
Não há regressos, há tentativas de retorno a um tempo, ficcional, um tempo sem peso.
ResponderEliminarQuanto ao regresso fica para um próximo post, também ele a partir de um quadro de Giorgio Chirico.
EliminarTalvez porque sou optimista, talvez porque abrangencia faz parte do meu modos vivendi, acredito na alegria do regresso.
ResponderEliminarModus vivendi, obviamente.
ResponderEliminarNo próximo post pensarei sobre isso mesmo, a alegrai do regresso.
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