sábado, 8 de junho de 2013

A angústia da partida

Giorgio de Chirico - A angústia da partida (1913-4)

O quadro de Giorgio Chirico representa uma reflexão pictórica sobre uma das experiências fundamentais da humanidade. O título junta as ideias de angústia e de partida. O que torna uma partida angustiante? O desconhecido, a incerteza, a coacção que torna necessária essa partida. Na tradição ocidental, qual é a partida simbólica que condensa todas as partidas angustiantes? A primeira partida é a de Adão e Eva, aquando da sua expulsão do paraíso. Nesse momento simbólico trazido pelo mito inscrito no Génesis, encontramos todos os elementos necessários para perceber a angústia da partida: a coacção que foi imposta ao par prevaricador, o desconhecido para onde se dirigem, a incerteza sobre a sua sorte na viagem imposta. O sair do paraíso, ou da pátria, ou do lar é sempre um momento angustiante onde o espírito vacila. É também o momento em que o homem, abandonando o estádio ingénuo da existência, toma consciência de si e do seu existir, é a hora em que le se torna viandante. E aqui percebe-se um segundo motivo de angústia para aquele que parte. Será que se perderá no caminho e se entregará à pura errância ou terá o talento para a alegria do regresso?

5 comentários:

  1. Não há regressos, há tentativas de retorno a um tempo, ficcional, um tempo sem peso.

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    1. Quanto ao regresso fica para um próximo post, também ele a partir de um quadro de Giorgio Chirico.

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  2. Talvez porque sou optimista, talvez porque abrangencia faz parte do meu modos vivendi, acredito na alegria do regresso.

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    1. No próximo post pensarei sobre isso mesmo, a alegrai do regresso.

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