segunda-feira, 17 de junho de 2013

A visita

Pablo Picasso - A visita (1902)

Há uma dimensão social da visita, uma dimensão que a inclui no processo de sociabilização e de estruturação comunitária. A visita aproxima e, ao mesmo tempo, é sintoma de uma certa partilha de interesses. Mas olhar o acto da visitação apenas na sua dimensão social e comunitária é perder aquilo que ela simboliza de essencial. A visita é também um encontro entre espíritos, o contacto entre iguais, a participação de uma comunidade e de uma comunhão que ultrapassa a vida social e a sua regulação moral. As verdadeiras visitas são aqueles que assinalam um encontro e uma identidade ontológica. As visitas essenciais podem ser de muitas e diferentes naturezas, mas fazem parte de uma geografia onde os que estão a caminho entretecem laços que os auxiliarão a chegar a esse destino que não tem meta ou fim.

4 comentários:

  1. Perfeito.

    E que as (boas) visitas nunca nos faltem e que a vontade de visitar os que nos são próximos também nunca nos falte, não é?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, a visita aproxima os que são próximos e por isso se reconhecem.

      Eliminar
  2. A visita torna presente o outro, tanto para quem a faz como para quem a recebe. É o pulsar de uma reciprocidade.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, completamente de acordo. E a reciprocidade é um dos fundamentos do viver em comum.

      Eliminar