Vincent Van Gogh - Paisagem outonal ao crepúsculo (1885)
440. Coube-nos o tempo do crepúsculo
Coube-nos o
tempo do crepúsculo,
os dias de
sombra no jardim,
o choro da
água no silêncio das ruas.
Tudo se
petrifica nesta hora.
O nevoeiro
não cobre o provir
nem lembra quem
o coração deseja.
Se alguém
canta na cegueira da tarde,
se uma voz
se ergue pela casa,
uma vela
arde fúnebre na luz do altar.
Ainda há
sobre a mesa pão e vinho,
mas a rosa
que era rosa secou
e desfolhada
entrou no rumor da noite.