José Viera - Analogia (2001)
As analogias fascinam-nos pois captamos com elas as afinidades electivas entre duas realidades diferentes. As semelhanças têm um forte poder de atracção e de subjugação do espírito pela sua luminosidade. Isso é de tal maneira assim que a própria poesia, devido à sua natureza metafórica, acaba por eleger a analogia como a sua própria essência. Ora toda a analogia - e com ela toda a metáfora - está assente na ocultação da diferença, embora seja esta diferença - e não, como se pensa, as semelhanças - que sustenta, enquanto negativo fotográfico (uma metáfora quase incompreensível nos dias de hoje) o pensamento analógico e o exercício poético. O que teme o espírito para que seja tão propenso a indiferenciar o diferente através do jogo das analogias e das metáforas? Por que razão a alteridade radical nos assusta?
Talvez nos assuste por estarmos habituados a ver sempre reflectida a mesma imagem no espelho...
ResponderEliminarTalvez seja o medo de romper com o narcisismo, talvez o outro, na sua radical diferença, seja mesmo assustador.
EliminarA alteridade assusta por revelar a escuridão em nós, um grande erro é pensarmos a identidade como algo estável, ou pior imutável, quanto mais assim nos estruturarmos mais angústia provocará a infinita porção de coisas e pessoas e mundos desconhecidos.
ResponderEliminarUm dos pontos problemáticos deriva da identidade lógica (da tautologia todo o A é igual a A). Esta identidade lógica tornou-se um ideal ontológico, digamos assim. A analogia e a metáfora, por exemplo, são formas de fazer coincidir a realidade ontológica, sempre em devir e em deixar de ser, com a estrutura lógica do pensamento.
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