sexta-feira, 18 de setembro de 2020

A jogadora de damas

Abel Manta, Jogo de damas, 1927
Ela estava na sala de jogos do clube. Deve conhecer esse género de instituição de província. Nunca a vira ali. Não foi uma súbita atracção. Entrou vagarosamente no meu círculo. Um dia, estarão a fazer cinco anos, virou-se para mim e, olhando para o tabuleiro de damas, perguntou-me se sabia jogar. Respondi que sim, tinha até vencido vários torneios. Óptimo, disse, vamos jogar. Qual será o prémio, perguntei. Se ganhar, casarei consigo. Apaixonei-me por ela nesse momento. Começou então o meu suplício. Todos os dias ela joga uma partida comigo. Além de mim, ainda defronta mais meia dúzia de pretendentes, a quem fez a mesma promessa. O que me mantém vivo é ela continuar solteira.  

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