Lucien Aigner, Paris, 1930 |
Primeiro,
comiam e bebiam. Depois, bebiam e conversavam. De seguida, bebiam apenas. Por
fim, cantavam estranhas canções e riam. Via-os todos os dias. Quando o concerto
acabava, sempre com um Hosana, iam-se embora, em fila encabeçada pelo
mais jovem Desapareciam do meu horizonte. Foram anos a fio. No dia em que
começou a segunda guerra, não vieram. Nunca mais voltaram. O enigma nunca
deixou de me atormentar. Quem seriam? Cheguei a imaginar que eram anjos, mas sou
destituído de fé e acabo sempre por sorrir da conjectura. Por vezes, porém,
oiço os seus cânticos. Nos dias em que a existência me é mais insuportável, as
suas vozes descem sobre mim. Respiro fundo e a vida continua.
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