sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

O sal do silêncio (1)

Ana Peters, Azul prusi, 1993

Sorrio, se oiço falar do fulgor da música. Toda a tarde procurei um nome divino, mas a memória esquiva frustrou-me o desejo. Sem nome, não há culto e sem este os dias não passam de dias, horas envoltas na poeira do que passa. Um acorde tingido pela perfeição chega a mim. Aguardo, é apenas uma vogal, uma sílaba. Lentamente, do magma da memória chega o nome e uma deusa matinal dança perante as vésperas do meu olhar.

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