Ana Peters, Azul prusi, 1993
Sorrio, se oiço falar do fulgor da música. Toda a tarde
procurei um nome divino, mas a memória esquiva frustrou-me o desejo. Sem nome,
não há culto e sem este os dias não passam de dias, horas envoltas na poeira do
que passa. Um acorde tingido pela perfeição chega a mim. Aguardo, é apenas uma vogal,
uma sílaba. Lentamente, do magma da memória chega o nome e uma deusa matinal dança
perante as vésperas do meu olhar.
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