Odilon Redon - Eva
434. Essas mãos que me anoitecem
Essas mãos
que me anoitecem
e trazem um
raio de luz.
Essa voz que
declina em mim
e ergue uma
cidade de púrpura.
Essas dores
que chamam pelo outono
e são frutos
caídos no coração.
Um túnel abre-se
sobre o pântano
e no sopro
da tua boca nascem aves,
ramos de violetas,
um velho castanheiro
cerzido na
luz sonâmbula da noite.
Quero dizer
o teu nome sobre o meu,
erguer-te do
abismo da memória
e deixar
cantar na manhã
o rio
venerável, o sangue e o vinho,
as primícias
de um corpo que se oferece
no altar outonal
do coração.
Muito obrigado, Maria.
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