Pablo Picasso - Família à beira-mar (1922)
Raramente se percebe como os símbolos e arquétipos religiosos dão forma à vida e à cultura, muito para lá daquilo que é estritamente religioso. Este quadro de Pablo Picasso só ganha sentido pleno se enquadrado no arquétipo da Sagrada Família. O facto do artista ter pintado o quadro significa já a sacralização daquilo que nele se torna presente. Todo o acto artístico é um acto de sagração daquilo que apresenta como conteúdo da obra de arte. Mas esta sacralidade da família só se torna possível numa cultura que possua um arquétipo sacralizante da família. Se todo o par constituído por um homem e uma mulher é uma actualização do par arquetípico Adão e Eva, também toda a família representada por um homem, uma mulher e uma criança actualiza a Sagrada Família do cristianismo, colocando na criança, na sua correspondência com o Menino Jesus, o princípio de esperança que anima a humanidade.
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