Pablo Picasso - Dos desnudos y un gato (1902-3)
433. Um rasto de água ardia sobre o corpo
Um rasto de
água arde sobre o corpo,
cresce mansamente
dentro dos olhos,
salta-me húmido pelos lábios.
Pequeno
fruto trazido pela aurora,
um jogo de
volúpias azuis ao anoitecer.
Enlouqueço nas trevas, ébrio do teu cheiro,
quando a
ausência se desenha
e sinto o
estrangulado desejo da rosa,
a fria e
frágil flor em que te desfolhas.
Luz,
labareda, sangue e fogo.
Um sismo
desliza-te pelo ondular do ventre,
se eu chego
na lonjura do tempo,
se te cavalgo no cerrado campo do corpo.
Uma silhueta
vem na sombra do silêncio:
toca-te os
olhos, desce sobre o mar.
O titulo do quadro, não me parece correcto; é que tanto um como o outro, não se acham despidos... cobrem-nos as vestes do amor...
ResponderEliminarSim, é um ponto de vista bem plausível.
EliminarEste poema é lindíssimo. Tomei a liberdade de o transcrever no final do post que acabei de publicar. Fico sempre receosa por achar que as minhas palavras e as minhas fotografias possam não ser companhia à altura dos seus poemas mas, ainda assim, arrisco-me.
ResponderEliminarParabéns pela qualidade da sua poesia.
Não tem de que recear. Pelo contrário, eu é que lhe fico obrigado por tomar poemas meus por companhia.
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