quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A cidade

George Grosz - Metrópolis (1916-17)

A grande cidade é uma das tecnologias mais interessantes concebidas até hoje. Nela, o espírito encontra sempre novos caminhos, traça novas ilusões, cria novos prazeres. Nessa actividade febril, em que se descobre como criador, o espírito perde-se de si, aliena-se, e, exaurido, sucumbe às suas próprias criações. Daí a ambivalência que se sente perante a grande metrópole, o desejo de nela mergulhar e a injunção para fugir dela, como lugar de grande perdição, partir para o deserto, para aí o espírito se reencontrar e reconciliar consigo mesmo. O mais importante, porém, é que o espírito não fuja do lugar onde se encontra. Que saiba na metrópole encontrar o deserto, e no deserto descobrir a actividade fervilhante que a cidade lhe propõe.

2 comentários:

  1. ter uma alma feita de concreto e areias, parece uma proposta acertada. entre a permanência e a erosão.
    como é hábito, deixo um sentimento entre o sorriso e o sobrolho carregado, não se pode ficar indiferente às suas palavras.

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  2. Não é mau quando os outros não ficam indiferentes perante o que se escreve. Obrigado pela leitura.

    HV

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