segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Arte e contemplação

Jesús de Perceval - Adán (1930)

Le rôle de Adam, (...), est de regarder la création, de la voir, de la reconnaître et de lui donner ainsi une existence nouvelle et spirituelle. Il imite et reproduit l'action créatrice de Dieu en répétant, dans le silence de son intelligence, la parole qui a donné la vie à toutes les choses vivantes. (Thomas Merton, Le Nouvel Homme, pp.65.)

Na economia da natureza, o papel central do homem é absolutamente espiritual. Esse papel está centrado numa atitude contemplativa. O homem, Adão, é aquele que olha, que vê, que contempla a criação, o mundo. É nesta atitude contemplativa que esse mesmo mundo ganha sentido, ganha uma existência nova e espiritual, uma existência que ultrapassa a mera materialidade com que o conjunto das coisas se dão aos sentidos e à imaginação animal. Contudo, a contemplação possui, ela própria, uma dinâmica, que a torna bem diferente de uma atitude puramente passiva. Contemplar é uma forma de mimesis, de imitação da palavra originária que chamou as coisas ao conjunto da existência. Compreende-se, então, que contemplar é uma forma de arte e que esta só é criadora porque imita, mima, a palavra originária cuja vibração trouxe do nada ao ser o conjunto de tudo aquilo que existe. Uma arte que não seja fundada na contemplação, nessa mimesis da palavra originária, não é arte mas pura poluição.

2 comentários:

  1. Este pequeno post merece uma dicussão( no sentido argumentário da coisa), mas não cabe numa caixa de comentários, Chamemos Platão, Aristóteles, Adorno, Derrida, Freud e Benjamin, um chá de menta num qualquer café de Vienna, e então sim, poderemos falar.

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  2. Um café de Viena. É justo, muito justo mesmo.

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