sábado, 8 de dezembro de 2012

O bezerro de ouro

Robert Delaunay - Saint-Séverin n.º 2 (1909)

As igrejas e catedrais góticas, mais que todas as outras, tinham no cerne da sua concepção o mistério que conduz o olhar do homem para cima, para aquilo que há de mais elevado no universo dos valores humanos. Esse estranho e vilipendiado mundo gótico, estruturado nos arcos ogivais, que ao fechar apontavam para o alto e simbolizam o mistério da vida, tinha a virtude de fazer coincidir a elevação com aquilo que era o bem supremo. Hoje os homens expulsaram Deus do alto. Muitas igrejas modernas fazem lembrar centros de conferências ou, em casos mais radicais, locais de espetáculo. A altitude e a elevação foram guardadas para as novas catedrais, as sedes dos grandes bancos, locais da nova-velha religião, lugar onde se oculta o seu santo dos santos. O bezerro de ouro tomou, mais uma vez, o coração dos homens.

2 comentários:

  1. Mas o bezerro de ouro tem pés de barro, cairá, estilhaçado, no chão.Para isso é preciso que a humanidade compreenda que o bezerro de ouro tem pés de barro...nisso, os muçulmanos têm alguma razão...nada de imagens, nada de imagens...

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  2. Não sei se cairá estilhaçado. Talvez a luta contra o bezerro de ouro dure enquanto durar a humanidade. Talvez nada haja a fazer se não enfrentá-lo continuamente e denunciar a idolatria, que volta sempre.

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