sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Da solidão

Richard Wilson - Solitude (1762-1770)

Como poderemos escutar o rumor da vida? Onde ela se torna mais plena e mais significante. Só na solidão a vida deixa escutar o seu rumor. Não numa qualquer solidão, mas naquela em que espírito, mesmo se acompanhado, encontra o seu espaço e o protege contra qualquer invasão. Estar só é entrar no segredo da nossa natureza e aceitar a nossa condição. Dizer que a solidão é a nossa condição tem a vantagem de mostrar que o solitário não é o produto de nenhuma decisão heróica, mas de uma conformação com aquilo que se é. Não há tragédia nem sequer drama na solidão. O que pode ser doloroso é o medo da solidão, a fuga perante a nossa natureza, a impotência perante o segredo que nos constitui e rumoreja no fundo de cada um.

4 comentários:

  1. Para os eruditos, alguns eleitos, a solidão pode ser perspectivada dessa forma.
    Mas os simples? Aqueles para quem a solidão significa apenas vazio, abandono? Para estes, e perdoar-me-à, há tragédia, sim.

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  2. Talvez esses que parecem simples não sejam assim tão simples. Talvez a solidão só se torne suportável para os homens se eles se tornarem simples.

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  3. Ontem gostei tanto deste seu texto e impressionou-me tanto que o tivesse escrito, que tomei a liberdade de o referir.

    De tarde tinha lido um artigo sobre a solidão e fiquei a pensar em, à noite, escrever um texto sobre o tema.

    Eis senão quando dou com este seu texto, uma espécie de reverso do que eu tinha lido.

    Telepatia, talvez. Ou, o mais certo, coincidência. Mas têm graça coisas assim.

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  4. Talvez a realidade conspire para que certos acontecimentos se conjuguem. E se não conspira, devia conspirar. Obrigado pela citação no UJM e pela leitura.

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