131. PROMESSA
até onde chegarão
estas palavras
haverá peso
dentro delas
que as adormeça
ao caminhar
haverá uma promessa
de luz sobre o pântano
a bandeira desfraldada
anuncia o súbito vigor da maré
domingo, 5 de setembro de 2010
sábado, 4 de setembro de 2010
Poemas do viandante
130. SE…
a margem infestada
de canas
um barco presume
o restolhar das águas
a noite em flocos
de trigo
se tudo ainda cantasse
ou se as rosas abrissem
o dia pelo cheiro
não haveria pó pelo chão
ou um punho cerrado
coberto pelo ouro
sedicioso
dessa boca fechada
sobre a solidão
a margem infestada
de canas
um barco presume
o restolhar das águas
a noite em flocos
de trigo
se tudo ainda cantasse
ou se as rosas abrissem
o dia pelo cheiro
não haveria pó pelo chão
ou um punho cerrado
coberto pelo ouro
sedicioso
dessa boca fechada
sobre a solidão
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Poemas do viandante
129. A CASA
deste-me uma casa
por desabrigo
ali durmo esperando
que portadas
se abram ou fechem
segundo a vontade
de um senhor
sem nome sem lei
velho arconte
do lago e do rio
das flores abraçadas
pelas mãos recalcitrantes
das carpideiras
deste-me uma casa
nela espero
transido de frio
olhos coagulados
espiões sombrios
olham de longe
ou passam velozes
em relâmpagos de cinza
aí pende o relógio
a casa que me deste
deste-me uma casa
por desabrigo
ali durmo esperando
que portadas
se abram ou fechem
segundo a vontade
de um senhor
sem nome sem lei
velho arconte
do lago e do rio
das flores abraçadas
pelas mãos recalcitrantes
das carpideiras
deste-me uma casa
nela espero
transido de frio
olhos coagulados
espiões sombrios
olham de longe
ou passam velozes
em relâmpagos de cinza
aí pende o relógio
a casa que me deste
domingo, 29 de agosto de 2010
Poemas do viandante
127. TEMPO (4)
regato arruinado
o jardim
esquecido
sob a sombra
de uma pedra
o granito
se grasna um corvo
se a noite ondula
se a tua voz se cala
rosa
branca rosa
que ave te roubou
o jardim materno
regato arruinado
o jardim
esquecido
sob a sombra
de uma pedra
o granito
se grasna um corvo
se a noite ondula
se a tua voz se cala
rosa
branca rosa
que ave te roubou
o jardim materno
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Poemas do viandante
126. TEMPO (3)
o murmúrio da erva
na terra a arder
a porta que se abre
quando chamas
sombra da sombra
o que resta do coração
o murmúrio da erva
na terra a arder
a porta que se abre
quando chamas
sombra da sombra
o que resta do coração
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Poemas do viandante
125. TEMPO (2)
a friagem
o outono a trouxe
branca
ilha de sal
e cinza
e calcário
fruto caído
no refúgio
esquecido do
calendário
a friagem
o outono a trouxe
branca
ilha de sal
e cinza
e calcário
fruto caído
no refúgio
esquecido do
calendário
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Poemas do viandante
128. A CANSADA MÃO
exausto chegou
o viandante
a chuva sobre os ombros
um vento de floresta
zune nos ouvidos
e o rumor de todas as
cidades
aberto como um punho
de mirtilos e framboesas
a escorrer da tua boca
de que vale a viagem
se o silêncio
pontua a sombra
que desce nesses olhos
e vela a flor
que o verão escondeu
sob os seios
que se arrancam
à cansada mão
que deseja
exausto chegou
o viandante
a chuva sobre os ombros
um vento de floresta
zune nos ouvidos
e o rumor de todas as
cidades
aberto como um punho
de mirtilos e framboesas
a escorrer da tua boca
de que vale a viagem
se o silêncio
pontua a sombra
que desce nesses olhos
e vela a flor
que o verão escondeu
sob os seios
que se arrancam
à cansada mão
que deseja
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Poemas do viandante
123. ROMÃ
o resto de romã
a arder na boca
a madeixa
tocada pelo vento
o silêncio entreaberto
dos lábios
tudo isso
testemunho
se aguardo
o toque dos sinos
num mar de lilases
e cristais de seda
um cão uiva
o coração afogado
na boca de lilás
nos lábios presos
ao fértil anoitecer
da breve romã
o resto de romã
a arder na boca
a madeixa
tocada pelo vento
o silêncio entreaberto
dos lábios
tudo isso
testemunho
se aguardo
o toque dos sinos
num mar de lilases
e cristais de seda
um cão uiva
o coração afogado
na boca de lilás
nos lábios presos
ao fértil anoitecer
da breve romã
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Poemas do viandante
122. INVERNO
o crepitar da sombra
abre uma rua
de luz sob o olhar
com que incendeias
o mundo
casas árvores um rio
tudo arde na encosta
do inverno que
se anuncia
coração tolhido
pela cor extasiada
do frio
o crepitar da sombra
abre uma rua
de luz sob o olhar
com que incendeias
o mundo
casas árvores um rio
tudo arde na encosta
do inverno que
se anuncia
coração tolhido
pela cor extasiada
do frio
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