quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Câmara discreta (23)

Alfred Eisenstaedt, Couple in Penn Station sharing farewell embrace before he ships off to war during WWII, 1943

É grande o vocabulário das despedidas e complexa a sua gramática, gerida por uma sintaxe despótica, que, com a autoridade das suas regras, impõe um código onde os sentimentos se articulam na nuvem do afastamento. Nunca se sabe se naquela despedida se celebra uma separação ou a derrelicção definitiva. Esquecidos do cenário, aqueles que se despedem apenas têm no coração um horizonte temporal. Quanto tempo? Quantos dias, semanas, meses, faltam para o retorno? O coração bate fremente e o pudor do abandono esconde a face, para que o futuro não tenha a prova desse dor trazida por um presente sombrio que logo será engolido pelo magma do passado.

2 comentários: