António Areal, Sem título, 1961 |
Os primeiros traços de um mundo emergem do fogo originário. Estão ainda
longe de serem um alfabeto que traga dentro de si a promessa de uma gramática,
com as suas morfologias de aço, as sintaxes de cristal, fonéticas banhadas
pelas águas de todos os oceanos. Ainda não são letras, nem algarismos, nem
sinais secretos onde um código se erguerá para que olhos cintilantes o
decifrem. São apenas as cinzas de um fogo que, de tão arcaico, nunca pára de
arder, cinzas que lentamente se tornarão sólidas, tão sólidas que sobre
elas, como se fossem alicerces inexpugnáveis, um mundo haverá de nascer.
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