quinta-feira, 4 de julho de 2013

O viajante adormecido

Antoni Guansé Brea - Les voyageurs (1955)

O pior que pode acontecer ao viajante é adormecer na viagem. Não são apenas as paisagens múltiplas que perde, mas as metamorfoses que elas provocam no espírito. Ao deixar escapar a hora de cada metamorfose, é a si mesmo que perde. A viagem vai de si para si mesmo, vai desse si que secretamente , inconscientemente, somos ao si que, de metamorfose em metamorfose, descobrimos no confronto com as várias paisagens por onde o vento nos leva. O que adormece na viagem perde a hora do reconhecimento. Ao acordar, apenas o sono espera por si.

2 comentários:

  1. E são tantos, os que adormecem durante a viagem...
    Quase me apetece citar o verso do poema de José Afonso "Velha da Erva" «ha quem viva sem dar por nada, ha quem morra, sem tal saber...»
    Muitos ainda resignam-se a viver, sabendo que no fim da viagem, encontram inevitávelmente o sono eterno...
    Pontos de vista?
    Talvez...
    ;)

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    1. Essa canção do José Afonso é belíssima. E diz tudo.

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