Aussi la deuxième chose certaine que nous savons sur la Vierge, c'est que sa sainteté est extrêment secrète.
Et pourtant je peux trouver Notre-Dame si je demeure, moi aussi, caché en Dieu en qui elle est cachée. Le meileur moyen de la connaître, c'est de partager son humilité, sa discrètion, sa pauvreté, son effacement et sa solitude ; et la connaître ainsi, c'est trouver la sagesse. [Thomas Merton, Semences de contemplation]
Na tradição platónica, o exercício da filosofia é literalmente um amor à sabedoria (sophia), amor que conduz à ascese que prepara o filósofo para a reminiscência das Ideias. O cristianismo acabou por designar a sabedoria de Deus por sophia. Aparentemente, a Virgem nada tem a ver com a sophia, mas descobre-se, no texto de Merton, a profunda ligação de Maria à sabedoria. Ela é um caminho para a sageza. Um caminho secreto que o viandante deve seguir realizando em si mesmo aquilo que a Virgem é oculta em Deus. Humildade, discrição, pobreza, apagamento e solidão não são apenas virtudes morais, mas um caminho de conhecimento e sabedoria.
O segredo da santidade da Virgem reside aqui mesmo. O segredo não se deve a nada de essencialmente oculto que uma qualquer iniciação deva revelar, mas no facto dessa santidade e dessa sabedoria residir toda ela nesse apagamento de traços pessoais, de elementos da subjectividade, para que apenas aí se manifesta a autêntica sabedoria. A sabedoria de Maria está toda ela na redução a nada. Desse modo, Maria é um método, na acepção grega do termo, um caminho para aquilo que é a sabedoria. A sabedoria de Maria reside no facto de ela não possuir qualquer sabedoria própria, ser pobre de espírito, para que o Espírito nela se manifeste na glória da sua sabedoria.
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