159. VENTO
sob a copa da velha tília
em tarde esquecida
deixavas o vento
sombrear o rosto
e desenhar ao de leve
os seios sob
a límpida camisa
de algodão
se o cão rosnava
ou um pássaro
vinha poisar nos ramos
os olhos cerravam-se
e um alvoroço
acendia-se no peito
que trémulo
se abandonava ao vento
como se fora
a carícia desta mão
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Poemas do Viandante
158. TROVA
a labareda ateia
silêncio no bosque
e canta-te
ó promessa
de água
trova tão pura
ao arder no peito
lembra o dia –
irrompe sob a lua
que o anuncia
a labareda ateia
silêncio no bosque
e canta-te
ó promessa
de água
trova tão pura
ao arder no peito
lembra o dia –
irrompe sob a lua
que o anuncia
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Poemas do Viandante
157. A FACE
poisas o corpo
sobre a poeira
e arrasta-te o vento
os cabelos
para trás
a tua face
esse riso tão puro
cresce para
o deserto
que se abre
nestas mãos
poisas o corpo
sobre a poeira
e arrasta-te o vento
os cabelos
para trás
a tua face
esse riso tão puro
cresce para
o deserto
que se abre
nestas mãos
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Poemas do Viandante
156. TERRA BALDIA
a terra baldia
onde ficou o coração
– campo de ervas
ao sol da tarde –
lembra a pele branda
desse corpo
afogueado
de água e mar
a terra baldia
onde ficou o coração
– campo de ervas
ao sol da tarde –
lembra a pele branda
desse corpo
afogueado
de água e mar
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Poemas do Viandante
155. CIFRA
a mão que poisarei
em tua pele
treme
ondula ao fogo
respira na ânsia
dessa solidão
se uma ave canta
se arde lentamente
como um segredo –
tudo estremece
desprende-se
voa para o silêncio
– decifra-te em mim
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Poemas do Viandante
154. RUMOR DA NOITE
o rumor da noite crescia
então o sol chegava
e a porosa madrugada
anunciava sereno o dia
o rumor da noite crescia
então o sol chegava
e a porosa madrugada
anunciava sereno o dia
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Poemas do Viandante
153. CADERNO AZUL
o caderno azul
onde guardavas orações
restos de cartas
o espinho de algum amor
soçobrou ao cair da tarde
um raio vindo da planície
tomou-o por dentro
e as palavras
com que falavas a deus
essas linhas de amor esquecido
são agora cinza
na fria luz de janeiro
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Poemas do Viandante
152. ORFEU E EURÍDICE
caminhemos pelo prado
eurídice
o sol a bater na face
o que resta da morte
a arder em silêncio
se a névoa vier
como orfeu
sentar-me-ei por terra
e escutarei o grito
que rouba da minha
a tua mão
caminhemos pelo prado
eurídice
o sol a bater na face
o que resta da morte
a arder em silêncio
se a névoa vier
como orfeu
sentar-me-ei por terra
e escutarei o grito
que rouba da minha
a tua mão
domingo, 23 de janeiro de 2011
Poemas do Viandante
151. CLARIDADE
os dias agora são mais claros
trazem pequenas confidências
envoltas na névoa matinal
trazem um resto de inverno
ninguém o quererá
mais claros são agora os dias
os dias agora são mais claros
trazem pequenas confidências
envoltas na névoa matinal
trazem um resto de inverno
ninguém o quererá
mais claros são agora os dias
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Poemas do Viandante
150. ESPERO
sento-me e espero
a noite a luz
essa voz
o clamor do frio
no deserto
da tarde
espero
sento-me e espero
a noite a luz
essa voz
o clamor do frio
no deserto
da tarde
espero
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