sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Poemas do Viandante (51)

51. METÁFORA

o nome que te deram
– luz de erva
sobre campo de cinza –
chama por mim

velha metáfora
desliza na tinta
e afoga-se
na água do papel

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Poemas do Viandante (50)

50. MOSTO

do dia
trago
o rosto
e o cheiro
a uvas
preso
ao mosto

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Poemas do Viandante (49)

49. CANTO

o peso da palavra
gota de orvalho
a límpida manhã 

dessa voz

se  as luzes acendiam
empurravam a noite
para o deserto

em silêncio
deus cantava

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Poemas do Viandante (48)

48. SOMBRA

tremem as folhas
sob o império
do vento

o sino repica
na sombra
do silêncio

e a mão desagua
na praia
do sentimento

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Poemas do Viandante (47)

47. CLAREIRA (2)

um enredo 
de papel
o feixe de ervas
à cabeça
e de súbito 

um segredo
traz a noite
à clareira 

da tarde

domingo, 13 de setembro de 2009

Poemas do Viandante (46)

46. UM MISTÉRIO

as ervas
juncam a boca
sabor agreste
trazido
pelo vento 

da infância

às vezes
um presépio
a clareira da noite
mistério de luz

e abundância

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Poemas do Viandante (45)

45. IMPÉRIO

parto
o barco
aparelhado

velas 
a água do mar

os ventos
calam-se
sob o negro
império
do luar

Força

Há alturas em que tudo se dissolve, mas não é a luz que vem e ilumina o fundo da alma. É antes um fogo caótico, o redemoinho da vida que tudo engole e despedaça. No cérebro abrem-se fracturas e o coração é um rio seco, abandonado pelas águas, de vegetação morta, povoado de fantasmas. Tudo então se multiplica, e se se perde a segurança que a unidade de si dá, não é porque se tenha adentrado mais e mais no caminho. Tudo parece ter voltado atrás. Como Sísifo, recomeço a subida, mas que força será aquela que pode vencer a ausência da minha própria força?

domingo, 6 de setembro de 2009

Poemas do Viandante (44)

44. CLAREIRA

a rede
animais prendia
o ramo partido
da macieira
cachos
a despontar
nas videiras

e o vento
noite fora
terror e cinza
apenas clareira
que se abria
no lugar
onde o coração
dormente
adormecia

sábado, 5 de setembro de 2009

Deixar vir

Deixar vir a noite com o seu silêncio, deixar vir a incerteza que a escuridão traz, deixar vir o sussurro da Voz que ecoa para lá do horizonte.