Sergey Borisov, Russia, 1988 |
Houve apenas duas testemunhas. Uma morreu passado dias, a
outra sou eu. Na fotografia que correu mundo, nunca se soube quem a tirou, sou
o que está perfilado. Sobre o acontecido, uns diziam que a fotografia era falsa,
outros que se estava perante uma assumpção aos céus, outros que era a chegada
de um emissário de Deus. Ninguém estava certo. A fotografia era verdadeira,
mas a pessoa, se era uma pessoa, nem descia nem subia aos céus. Formou-se ali
mesmo diante de mim. O ar tornou-se mais espesso, ganhou contornos, até que se
modelou como um ser humano. Pairou alguns minutos à minha frente, depois
caminhou pelos ares, dobrou uma esquina. Não há quem saiba o que lhe aconteceu.