Bernardo Marques, Inverno (Gulbenkian) |
Os dias
frios, as horas gastas da vida,
céus de
chumbo, o silêncio do medo.
Em Janeiro,
teço sombras e nuvens,
traço linhas
na brancura da noite.
A tristeza
rasga a terra e os mares.
Um fantasma
no escuro da casa,
no jardim
onde as rosas secaram.
Um punhal no
coração da paisagem.
Visto as
sombras que teci em silêncio.
Visto as
nuvens que me cobrem o corpo.
Em Janeiro,
vejo os céus, oiço o medo.
Treme a
terra na tristeza da casa.
Tremo pálido
no frio do jardim.
São escuras
as paisagens sem rosas.
Janeiro
de 2024
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