terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Sonetos de Inverno (5)

Muirhead Bone, View of Rome at Sunset, c. 1912

Os crepúsculos de Inverno cintilam

sobre a sombra do dia, trazem fogo

ao amor das coisas raras e luz

à morada fria e rude dos deuses.

 

Os poentes são mistérios, promessas

do espírito, a água lustral

onde, ávidos, lavamos os corpos

e os abrimos ao orvalho da noite.

 

No fulgor de cada hora crepita

um crepúsculo na sombra dos deuses,

um amor na invernia deste mundo.

 

Toco o corpo que se abre ao poente.

No orvalho de ardor e mistério,

sinto a água que na noite me espera.

 

Janeiro de 2024


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