Henri Le Sidaner - Dimanche (1898)
Nunca senti os domingos como uma maldição. Não se equivoque. Vivi a melancolia de domingo à tarde, do fim-de-semana que acaba, da iminência de cair na terrível realidade. Não, não era o sentimento de uma maldição, porém. Por pesada que fosse a ameaça de segunda-feira, o domingo era sempre um dia de glória. Ia até ao bosque, aquele ali em frente, e diante dos meus olhos desfilavam raparigas, belas raparigas. Conversavam, riam, diziam frivolidades. Se conheci alguma? Não sei o que responder. Eu vi-as, mas elas nunca me viram. Quando nasci, já tinham morrido há muito. Tem razão, era uma disfunção na ordem do tempo. Foi ela que salvou os meus domingos.
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