Giuseppe Pelizza Da Volpedo - Flor cortada (1896-1902)
Sonhei-as. Durante meses, tive o mesmo sonho. Um bosque ameno e um cortejo matinal de raparigas vestidas de branco. À entrada dispunham-se em procissão e caminhavam. Iam em silêncio. Quando chegavam ao centro do bosque, eu acordava e nunca descobria aonde iam. Uma noite, decidi não me deitar e, pela aurora, entrei no bosque. No centro, havia uma clareira. Escondi-me. Acabaram por chegar. A luz sombreada iluminava-as. Eram belas como no sonho. A que vinha na frente cortou uma flor e, para meu espanto e terror, saiu da clareira. Caminhou para mim e estendeu-me a mão. Esperávamos por ti, disse. Olhei. Era o meu rosto que eu via na flor cortada.
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