Lucien Freud - Benefits Supervisor Sleeping (1995)
A pintura de Lucien Freud é contemporânea de uma exacerbada esteticização do corpo humano, esteticização que é uma das manifestações centrais do contemporâneo culto do corpo. Muitos dos nus de Freud, mesmo aqueles que retratam pessoas cujo corpo está mais em conformidade com a norma aceite, provocam no espectador um sentimento de desconforto ou mesmo de desagrado. Esta contra-idealização do corpo - encontramo-la também, ainda que de forma bem diferenciada, em pintores anteriores como Egon Schiele - devolve-nos a uma questão central. Essa não é a que parece mais óbvia. Óbvio seria perguntar como deve ser o corpo. Qual a norma? Mas a pintura de Lucien Freud questiona a própria ideia de norma. O que emerge é uma dupla pergunta. O que é o corpo? O que significa ter um corpo? A pintura de Freud abre-nos, assim, não para uma física idealizada e normativa, mas para uma metafísica do corpo, para uma investigação sobre o mistério da encarnação.
De facto... nesse mar de flacidez, celulite e abandono ao sofá, o que há mais? E o que a espera? E entre o sofá carcomido e o corpo flácido... o que os distingue? Pobre mulher...
ResponderEliminarDe facto, o quadro é muito questionante. Coloca o corpo, apesar do sono reconfortante a que se entrega, como problema.
EliminarMas... atenção, porque na pintura, não está somente representado um corpo humano, está também e em consonância, um sofá. Um sofá remendado, amorfo, deformado.
ResponderEliminarSerá que o pintor desejou que o sofá fosse a metáfora do corpo?
O que o pintor desejou nunca o saberemos. Muito provavelmente ele próprio não o saberia. Mas é lícito, no acto de interpretação, evocar esse jogo entre o corpo e o sofá.
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