Henri Edmond Delacroix Cross - La Promenade (1897)
Há na viagem momentos de puro passeio. Neles, o viandante medita sobre a própria viagem. De onde veio? Para onde vai? Não se trata, todavia, de fazer a contabilidade e de se certificar daquilo que perdeu e daquilo que ganhou, pois ganhos e perdas permanecem obscuros para o coração dos homens. Também não é o caso de se pensar, como Rousseau, um sonhador solitário. O passeio é o momento em que o viandante se funde mais no caminho e, na sombra dessa fusão, se prepara para prosseguir mais determinado e mais destemido em direcção daquilo que o chama.
Vou caminhando, sentindo o sol nas minhas costas. Fixo o olhar no horizonte, inebrio-me na lonjura da distância. Não busco sinais nem respostas, vou, simplesmente percorrendo o espaço. Não determino um tempo para chegar, não programo o tempo de partida. Não baixo nem elevo a linha do olhar, não determino um ponto fixo do horizonte, não reconheço a fadiga dos meus passos. Vou andando, na esperança de sentir a passagem deste para um novo tempo.
ResponderEliminarNa verdade, não há uma forma de caminhar, de fazer a viagem. Há uma para cada um, como há um caminho e uma viagem para cada um. Estamos no domínio da singularidade. Poder-se-ia mesmo dizer que só um singular, enquanto particular, é universal, se isso não ofendesse os lógicos de serviço.
EliminarInteiramente de acordo,,, só Um singular, é Universal!
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