quarta-feira, 10 de abril de 2013

Soneto do Viandante (23)

Gustave Courbet - Donna con l’onda (1868)

23. Não basta que detenhas entre mãos

Não basta que detenhas entre mãos
A promessa esquecida pelo tempo.
Não basta que me encantes pela noite
Com o sorriso pálido de outrora.

Deixa que o vento cante sobre a pele
E os seios sejam água nesta boca.
Rio puro e desmedido, rio sonhado
Quando o corpo partia à desfilada,

Égua branca ferida pelo amor,
Animal sem infância nem destino.
Quero cada segredo do teu ventre.

Quero-te viva e nua, quero-te sóbria
E pura, pelo ócio descoberta,
Relâmpago e luz, fogo sem cinza.

Sem comentários:

Enviar um comentário