domingo, 25 de novembro de 2012

Sobre as águas

Lyonel Feininger - Regatta (1943)

Sopra o espírito sobre a água e os barcos, levedados no silêncio das tardes, correm, desenham esteiras no mar, precipitam-se para o porto que os aguarda. Assim são os homens, pequenas caravelas empurradas pelo vento. As pegadas que deixam na terra, logo se apagam. Quando chega a noite, alguns tremem outros cantam. O espírito, porém, permanece fiel a si mesmo e, no obscuro arbítrio que o rege, sopra onde quer, mesmo que sejamos incapazes de sentir, nestes dias de cinza e chumbo, o hálito dos deuses.

4 comentários:

  1. Estas palavras são um sopro que atravessa o espaço e, sabe-se lá como, chega até nós com uma absoluta limpidez.

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  2. O Homem vs espírito na sua (aparente) fragilidade.
    E a escrita numa imensa leveza.

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  3. Sim, tem razão. A fragilidade do espírito é apenas aparente, Muito obrigado.

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