Bodil Obberg Pettersson, Early Autumn, 1980 (aqui)As cores de Outonodeslizam na tela fria. São sombras sonâmbulas. |
segunda-feira, 20 de novembro de 2023
Pintura e haikus (35)
sábado, 18 de novembro de 2023
A memória do ar (21)
quinta-feira, 16 de novembro de 2023
Sonetos de Outono (6)
Wassily Kandinsky, Autumn in Bavaria, 1908 |
Os corações tão
desejosos cantam
os dias de
Outono, a chegada alegre
do vinho
novo, sangue, sol e água.
No céu, os
pássaros desenham símbolos,
inscrevem letras
na paisagem fria,
presos no
voo entre terra e nuvens,
soltos no fogo
que alastra trémulo.
Oiço o
silêncio no rugir do vento
ou no rumor
das tuas mãos abertas,
leves, na dádiva
da noite escura.
Toco os teus
lábios com o vinho novo,
bebo-te, casta,
no deserto árido.
Viajamos
ébrios na vertigem muda.
Novembro de 2023
terça-feira, 14 de novembro de 2023
Impressões 114. Lugares de dor
Mario Sironi, Paesaggio urbano, 1942 |
domingo, 12 de novembro de 2023
Geometrias de fogo (21)
Hans Baldung Grien, Two Witches, 1523 |
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
Sonetos de Outono (5)
William B. Post, White Mountains, N. H. from Fryeburg Maine, 1900-1910 |
Folhas de
Outono, caminhamos livres
na liberdade
da floresta rude.
Vamos
curvados no carril do tempo
e levantamos
aos céus olhos lívidos.
Na
cornucópia da abundância vemos
as velhas
árvores caídas, mortas
no desmedido
desejar dos dias.
Sinais do vento
que passou silente.
Estreitas
ruas levam do mar à morte,
onde os
anjos te aguardam cegos
para a
terrível luz das ervas secas.
Pela
penumbra avistamos luas,
pequenos sóis
de gelo e âmbar,
a cintilante
flor de luz e fogo.
Novembro de 2023
quarta-feira, 8 de novembro de 2023
No limiar (12)
Fernando Calhau, S/título #169, 1974 (Gulbenkian) |
segunda-feira, 6 de novembro de 2023
O sal do silêncio (106)
Emilio Sánchez Cayuella, Silencio, 1985 |
sábado, 4 de novembro de 2023
Sonetos de Outono (4)
Camille Corot, Italian Landscape near Marino in Autumn, 1826 – 1827 |
Dias de Outubro. Uma ave canta
e eu medito
na ruína próxima,
a casa pobre,
o nome ferido
por entre
sombras e silêncios secos.
Erguem-se
pássaros de luz e trevas.
Os rios
deslizam devagar, sem rumo.
Subitamente,
o mar cala a voz
nas ondas
frias, no vagar do vento.
Não tenho
herança a deixar na morte,
nem a
memória reterá o nome
por mim
herdado ou talvez roubado.
Oiço-te, pássaro da noite a vir.
És a
renúncia ao fulgor dos dias.
És os
escombros duma vida vã.
Outubro de 2023
domingo, 22 de outubro de 2023
segunda-feira, 16 de outubro de 2023
Impressões 113. Pela janela
Fritz von Uhde, By the Window, 1890 – 1891 |
sábado, 14 de outubro de 2023
A sombra da água (21)
Paul Signac, Venice, Grand Canal, 1904 |
quinta-feira, 12 de outubro de 2023
Sonetos de Outono (3)
Dórdio Guimarães, Casas de Malakoff - Paris, 1923 |
Chegou a
hora de dobar o fio
das tardes
calmas pela luz cobertas,
das noites
ébrias no cruel temor
escrito a
negro em coração cansado.
Rompem as
árvores a linha da sombra,
abrem os
ramos outonais ao vento,
as aves
poisam, são crianças de água
abandonadas
no desvão das ruas.
Atravessei
maravilhado o bosque,
ouvi o fogo
crepitar nos campos,
vi uma cruz
de dor na terra rude.
Escuto os
lobos murmurar ao longe,
dentro da
minha carne crua e fria.
As folhas
caem, e eu caio com elas.
2023
terça-feira, 10 de outubro de 2023
Signo sinal 14. Mêlée
Júlio Pomar, Mêlée, 1968 |
domingo, 8 de outubro de 2023
No limiar (11)
José Manuel Espiga Pinto, Mapa marcado com rasgão para entrada na sala de projecções simultâneas, 1973 (aqui) |
sexta-feira, 6 de outubro de 2023
O Espírito da Terra (27)
Louis Eysen, The Earth Pillars by the Schalderer Bach near Vahrn, 1878 |
quarta-feira, 4 de outubro de 2023
Sonetos de Outono (2)
Georges Rouault, Automne, 1936 |
Ó pura
ascese destes dias de sombra.
Ó pura
glória do devir sem mácula.
Corro
outonal pelo desvão do tempo
e canto
livre das mágoas da vida.
Uma elegia flutua
na voz do vento,
toca na pele
das mulheres nuas,
toca a suave
nostalgia da morte
com a ciosa
luz do puro amor.
Deixo aos
anjos o reger dos dias,
o vão
cuidado com a vida breve,
as horas
presas em sombrio silêncio.
Busco na boca
das mulheres sôfregas,
incendiadas
no furor do fogo,
a água morta
do meu sangue vivo.
2023
segunda-feira, 2 de outubro de 2023
A memória do ar (20)
Felix Vallotton, Landscape in the Jura Mountains near Romanel, 1900 |
sábado, 30 de setembro de 2023
O sal do silêncio (105)
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
Geometrias de fogo (20)
Johan Christian Clausen Dahl, The Eruption of Vesuvius in December 1820, 1826 |
terça-feira, 26 de setembro de 2023
Sonetos de Outono (1)
George Morland, Peasants in front of a Hut, ca. 1790 |
Um doce
frémito anuncia o tempo
onde o vinho
correrá nas bocas
e o silêncio
como sombra amena
virá
solícito sarar as mágoas.
As folhas
secas são sinais de morte,
signos
etéreos de uma vida a vir
entre a
dança das violetas trémulas
e o desejo
frio de corpos pálidos.
Longe, o
Inverno apressado marcha
com passos
rudes e prenúncios negros.
Tudo
estremece no cansado mundo.
Alegres, castos,
elevemos cálices
de vinho puro,
a vida flui nos lábios
e o coração fulgura
vivo e ávido.
2023
domingo, 24 de setembro de 2023
sexta-feira, 22 de setembro de 2023
O sal do silêncio (104)
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
A sombra da água (20)
Andreas Achenbach, Storm at Sea off the Norwegian Coast, 1837 |
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
Sulcos de Verão 12
sábado, 16 de setembro de 2023
No limiar (10)
quinta-feira, 14 de setembro de 2023
Signo sinal 13. Uma fraca argila
José Manuel Espiga Pinto, Brincando com o «Cavalo de Tróia», 1983 |
terça-feira, 12 de setembro de 2023
A memória do ar (19)
Egon Schiele, Arboles otoñales, 1911 |
domingo, 10 de setembro de 2023
Sulcos de Verão 11
Vincent van Gogh, Paisaje cerca de Auvers bajo la lluvia, 1890 |
Chuvas de
Verão sobre a terra
são memórias
vindas do céu
para revigorar
os dias.
Os homens
parecem perdidos,
incapazes de
olhar as águas,
incapazes de
gratidão.
Caminho
descalço no campo,
os pés
enlameados riem
e eu
sonho-me na infância.