Camille Corot, Italian Landscape near Marino in Autumn, 1826 – 1827 |
Dias de Outubro. Uma ave canta
e eu medito
na ruína próxima,
a casa pobre,
o nome ferido
por entre
sombras e silêncios secos.
Erguem-se
pássaros de luz e trevas.
Os rios
deslizam devagar, sem rumo.
Subitamente,
o mar cala a voz
nas ondas
frias, no vagar do vento.
Não tenho
herança a deixar na morte,
nem a
memória reterá o nome
por mim
herdado ou talvez roubado.
Oiço-te, pássaro da noite a vir.
És a
renúncia ao fulgor dos dias.
És os
escombros duma vida vã.
Outubro de 2023
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