sexta-feira, 24 de julho de 2020

A Sarça Ardente - 26

Fernando Lerín, sin título, 1963

Os dias tão devagar se deixam ir
levados pela cal sombria do tempo.
Demoram-se em esperas e delongas,
em conversas e súbitos silêncios.

Evitam a canícula fervente,
o Verão a trará no calendário,
a seda que na escarpa fria se tece
para que logo a noite seja dia.

Apressada demora a tudo move,
o mundo tão parado ainda corre.
Entre os dedos as águas e os ventos.

Vindo pela mudez da madrugada,
exausto, oiço a voz que não se vê
num fogaréu de luz, na sarça ardente.

Abril de 2020

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