Fernando Lerín, sin título, 1963 |
Os dias tão devagar se
deixam ir
levados pela cal
sombria do tempo.
Demoram-se em esperas
e delongas,
em conversas e súbitos
silêncios.
Evitam a canícula fervente,
o Verão a trará no
calendário,
a seda que na escarpa
fria se tece
para que logo a noite
seja dia.
Apressada demora a
tudo move,
o mundo tão parado
ainda corre.
Entre os dedos as águas
e os ventos.
Vindo pela mudez da madrugada,
exausto, oiço a voz que
não se vê
num fogaréu de luz, na
sarça ardente.
Abril de 2020
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